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Saturday, September 17, 2011

Os termos do Brasil para ajuda a outros países

Alguns jornais nacionais e internacionais de ontem (15 de Setembro) noticiaram o apoio dos países conhecidos como Bric (Brasil, China, Índia e Rússia) para um possível pacote de ajuda na crise europeia.

Tal assunto foi gerado pela iniciativa da China em oferecer "ajuda"e propor adquirir um volume expressivo de debêntures e outros ativos de países da zona do Euro, e já em negociações mais avançadas com a Itália.

É conhecida a predisposição da China em diversificar seus US3,2 trilhōes de reservas em moedas internacionais, reduzindo sua exposição ao dólar americano. Assim, tal aquisição pode se considerada ajuda, mas é também necessidade derivada de uma gestão apropriada de riscos.

Nossa presidente, Dilma Rousseff, se manifestou com discurso apropriado, informando que o Brasil sempre estará disposto a apoiar esforços internacionais nesse sentido, neste caso dependente da Europa apresentar uma estrutura viável para um pacote de resgate e, ainda, sem se comprometer com qualquer proposta envolvendo apenas os Brics.

Em escala 10 vezes menor, temos o mesmo problema da China na gestão de nossas reservas. E tal postura do Brasil demonstra seu peso crescente no cenário global. O Financial Times reconhece que "qualquer esforço do Brasil de coordenar uma resposta dos Brics à crise da dívida europeia marcaria um grande passo nos esforços do país para aumentar sua influência em questões mundiais".

Mas daí vem minha preocupação. O que vamos demandar? Vamos tornar público? Aumentar a influência e receber o quê em troca?

A China, através de seu primeiro ministro Wen Jiabao, não teve problema em tornar público o que espera. Apesar do interesse chinês na operação, como acima mencionado, deu um puxão de orelhas nos países endividados, dizendo que os "países devem cumprir suas responsabilidades e colocar suas próprias casas em ordem" - repetindo o já dito aos EUA - e fez uma ligação direta entre tal apoio e a antecipação do reconhecimento da China como "plena economia de mercado", o que favoreceria algumas empresas chinesas envolvidas em disputas comerciais.

E o que o Brasil vai pedir? A única demanda internacional recente do Brasil que temos notícia é o tal assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - tema que faz mais sentido tratar em particular com os 5 países com direito a veto em tal conselho. Ultimamente, temos visto o Ministro Mantega esbravejar a respeito dos programas conhecidos por "Quantitative Easing" dos EUA e da chamada "guerra cambial", ambos assuntos mais de economia doméstica - políticas monetárias, fiscais e cambiais - dos países ao tentar estimular suas economias, do que na esfera de política internacional.

Vejamos o exemplo no caso da desapropriação dos ativos da Petrobrás na Bolívia, alguns anos atrás. O que o Brasil recebeu como compensação, além dos elogios do presidente Evo Morales ao "amigo" Lula? Nada que tenha sido divulgado aos contribuintes.

Seria exemplar tornar público o que Brasil espera como contra partida para ajudar a Europa ou qualquer país/ organização internacional. Para não haver especulações de que continuamos sendo República de Bananas e chamados de bons amigos, enquanto nossos ativos são usados em troca de doações para campanha de partidos políticos, com possível sobra para fundações de senadores e outros "favores particulares".

Além dos clamores populares contra a corrupção, os quais endosso com fervor, precisamos e temos uma oportunidade de aumentar a transparência na gestão dos ativos públicos, e evoluirmos como sociedade e como país digno de respeito.

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